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A região do Peloponeso, uma das mais históricas regiões da Grécia.

Um roteiro de carro de um dia passando por algumas das principais cidades e atrações da região do Peloponeso.

Ao se pronunciar a palavra "Peloponeso", a grande maioria das pessoas se recordará das aulas de história do Ensino Médio, que falavam sobre a liga formada por vária cidades-estado gregas, lideradas por Esparta, e que rivalizava com a Liga de Delos, liderada por Atenas. O que poucas pessoas sabem é que Peloponeso é uma região localizada no sul da parte continental da Grécia e que nessa região se localizam importantes e históricas cidades gregas, como Corinto, Micenas, Náuplia e a própria Esparta.

Sendo um grande amante da história e mitologia gregas, sempre tive o sonho de conhecer a região do Peloponeso e visitar algumas cidades retratadas nos antigos poemas homéricos da Ilíada e da Odisséia, além de passar por locais em que heróis mitológicos como Perseu e Herácles (ou Hércules) supostamente teriam realizado suas aventuras.


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Para iniciar nossa jornada pela região do Peloponeso, reservamos um carro e o retiramos no aeroporto de Atenas ainda no dia anterior (50€ para um dia). No dia de início do roteiro, saímos cedo pela manhã de nosso hotel em Atenas e nos pusemos a dirigir pelas autoestradas gregas. Após pouco mais de uma hora em uma estrada de ótima qualidade e muito bem sinalizada, chegamos ao nosso primeiro destino: Corinto, uma cidade localizada próximo a fronteira entre a região da Ática e a região do Peloponeso.


Na época da Grécia Antiga, Corinto era uma das mais importantes cidades-estado gregas. Sua localização era extremamente estratégica, por estar no meio do caminho entre as potência da época: Esparta e Atenas. Foi nessa cidade que ocorreu, no ano de 146 a.C, a Batalha de Corinto entre gregos e romanos, que culminou na conquista da Grécia (então Reino da Macedônia) e sua consequente anexação à República Romana, que mais tarde se tornaria Império Romano. Atualmente Corinto é uma cidade de aproximadamente 60 mil habitantes, cuja principal característica é abrigar um famoso canal marítimo, o Canal de Corinto, que foi justamente o primeiro ponto de parada de nosso roteiro.

O Canal de Corinto possui 6,4 quilômetros de comprimento, 21,4 metros de largura e 8 metros de profundidade e teve sua construção realizada entre os anos de 1881 e 1893, de forma a encurtar em aproximados 700 quilômetros o trecho ligando o Golfo de Corinto e o Golfo Sarônico. Obviamente que realizamos uma parada no local, para tirar fotos dessa maravilha de engenharia.

Canal de Corinto


Atualmente uma das pontes localizadas sobre o canal abriga um radical Bungy Jump, chamado Zulu Bungy e é claro que não poderiámos deixar de participar desta experiência. O salto no Zulu Bungy tem valor de 80 por pessoa, com direito a receber por E-Mail o vídeo do salto.

Zulu Bungy

Zulu Bungy


Após realizar o salto e esperar a adrenalina no sangue baixar, pegamos novamente a estrada em direção à antiga Acrópole de Corinto (ou Acrocorinto) e chegando ao local, deixamos o carro em um pequeno estacionamento, aproximadamente 50 metros antes do portão de entrada. Acrocorinto, assim como grande parte das acrópoles da antiga Grécia, está localizada no topo de uma colina, e de lá é possível ter um bela vista do Peloponeso. Após os tempos da antiga Grécia, essa acrópole foi utilizada como fortaleza militar por povos que dominaram a região, como Bizantinos, Venezianos e Otomanos. Atualmente se encontra em ruínas e dos templos e monumentos que antes ali existiam, pouco se pode ver, restando ainda relativamente preservadas as muralhas que ali cercavam. O ingresso em Acrocorinto é gratuito.

Bandeira grega e vista de Acrocorinto para o Peloponeso

Acrocorinto


Saindo de Acrocorinto, tomamos novamente a estrada e passamos por diversas cidades, cujos nomes nos remeteram a histórias da mitologia grega. Destaco aqui duas delas, a primeira Argos, uma das cidades mais antigas da Europa (tendo sido habitada de acordo com alguns estudos, desde 7 milênios atrás) e casa do semi-deus Perseu, que segundo a mitologia foi o fundador da civilização micênica e o herói que matou a medusa. A segunda, Neméia, local onde o héroi Herácles filho de Zeus (popularmente conhecido como Hércules) derrotou o Leão e cumpriu mais um de seus 12 trabalhos.

Placas na estrada indicando o caminho para cidade gregas como Argos e Neméia (Nemea)


Mais 45 minutos na estrada, com direito a uma rápida parada para um lanche e logo chegamos a mais um dos mitológicos lugares do Peloponeso: Micenas. Essa cidade era nada menos que o centro da civilização micênica quando esta ainda habitava terras helênicas. O lar do grande rei Aganmenon, líder dos gregos na guerra contra os troianos. Micenas, diferentemente de Corinto, atualmente não é uma cidade moderna, mas sim um sítio arqueológico que se localiza na cidade de Mykines. Sítio este que ficou amplamente conhecido quando no local chegou o arqueológo alemão Heinrich Schliemann, no final do século XIX, buscando provar a existência dos locais e personagens descritos nos poemas Homéricos e em especial da Guerra de Troia. E foi no ano de 1876, que o arqueólogo descobriu em Micenas, uma série de tumbas datadas do século XVII e XVI a.C. além da famosa “Máscara de Aganmenon” (atualmente em posse do Museu Arqueológico Nacional, em Atenas). No momento de sua descoberta, Schliemann dizia que esta máscara funerária teria pertencido ao grande rei grego, porém após recentes estudos conduzidos por outros arqueólogos, constatou-se que ela não pertenceu a Aganmenon, sendo sua fabricação muito mais antiga (datada entre os anos 1550 e 1500 a.C.) do que o período em que o rei teria vivido.

Máscara de Aganmenon, fonte: Wikipedia


O sítio arqueológico de Micenas está dividido em duas partes que podem ser visitadas utilizando um mesmo ingresso. Inicialmente estacionamos o carro no chamado "Tesouro de Atreu", onde adquirimos o ingresso no valor de 12€ por pessoa. Nesse local visitamos uma das tumbas encontradas por Schliemann em 1879 e que supostamente teria sido a tumba de Aganmenon ou de seu pai Atreu, teoria também refutada por estudos recentes. Pertencente a Aganmenon ou não, ficamos extremamente impressionados com a grandiosidade da tumba, que tem 14,5 metros de diâmetro e mais de 13 metros de altura. Paramos por um momento para apreciar e tentar imaginar como numa época tão distante, com tecnologia infinitamente reduzida em relação a que temos hoje, puderam os habitante desta região terem movido pedras que pesam toneladas, de forma a construir tão imponente tumba.

Entrada do Tesouro de Atreu


Saindo do Tesouro de Atreu, voltamos ao carro e um par de minutos depois já chegávamos a parte principal do Sítio Arqueológico de Micenas. Nessa parte é possível ver várias ruínas de antigos templos e construções do tempo da Grécia antiga.

Sítio Arqueológico de Micenas


Entre as ruínas do Sítio Arqueológico de Micenas, está o monumento mais surpreendente do local, a Porta dos Leões. Esse monumental portão era a entrada da cidadela de Micenas e foi construído no século XIII a.C. No topo do portão duas esculturas em formato de leoas dão boas-vindas aos turistas que hoje visitam o local.

Porta dos Leões


A próxima parada de nosso roteiro foi Náuplia, uma cidade de pouco mais de 33 mil habitantes, que entre os anos de 1821 e 1834, logo após a proclamação da independência da Grécia frente ao Império Otomano, passou a ser a capital do país. A pequena cidade é considerada pelos gregos como uma das mais belas do país e logo depois de começarmos a passear pelas ruas do local, entendemos o motivo.

Rua pedonal em Náuplia


Durante a caminhada por Náuplia logo avistamos a Fortaleza de Palamidi, localizada no alto de uma colina,. Essa fortaleza foi construída pelos venezianos entre os anos 1711 e 1714, e apenas um ano após ser concluída foi consquitada pelos Otomanos. Só no ano 1822, durante a Guerra de Independência da Grécia que a fortaleza passou para o domínio grego.

Fortaleza de Palamidi


Por fim, antes de deixarmos Náuplia, caminhamos até a beira do mar para ter uma vista de mais uma das construções venezianas da cidade, o Castelo de Bourtzi. Essa fortaleza, construída entre os anos 1458 e 1481 e conquistada pelos Otomanos em 1715, impressiona pelo fato de estar localizada em uma pequena ilha. Ao longo dos anos o Castelo de Bourtzi chegou a ser utilizado como prisão e até mesmo como hotel.

Castelo de Bourtzi


Saindo de Náuplia voltamos à estrada com destino a uma não tão conhecida praia em Epidauro. O motivo de termos ido para esse local foi a presença de ruínas de uma antiga vila romana do século II d.C. que atualmente se encontra debaixo d'água. Graças a transparência das águas do mar Egeu e utilizando nosso drone, conseguimos fazer imagens e registrar essa impressionante localidade, que é atualmente conhecida como Cidade Submersa da Antiga Epidauro.

Cidade Submersa da Antiga Epidauro


Em Epidauro também existe um famoso teatro grego, patrimônio da humanidade pela UNESCO. Porém como já era fim de tarde e ainda tínhamos que retornar a Atenas para pegar o voo logo cedo pela manhã, resolvemos deixar essa atração para uma futura visita, encerrando assim nosso roteiro por esse local tão cheio de história que é a região do Peloponeso.

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